sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Segunda parte – Pedrinho.

Antes de proferir o decreto que reescreveria sua vida, devemos conhecer e tentar entender quem era Pedro. Jovem funcionário público, nível médio, um salário regular. Relativamente bom para um cara solteiro e não tão chegado a excessos e gastos. Uma pessoa simples e educada. De família católica e dogmas judaico-cristão. Pais de idade, ambos aposentados, mãe, ex-professora e pai ex-contador, que vivem agora da aposentadoria em uma casa modesta na zona norte do Rio de janeiro.


Pedro nunca foi de se sobressair em nada, um aluno mediano, nunca ficou reprovado, mais também nunca brilhou em matéria alguma. Assim como nunca demonstrou muita aptidão especifica. No trabalho era considerado um funcionário consciente. Sempre no horário, nunca se atrasava, ou faltava. Cumpria bem tudo o que lhe mandavam fazer sem questionar muito. Parece só não ter muita iniciativa ou liderança no grupo. Pelo visto seria muito complicado mudar de função. Economizava sua grana, não era muito chegado a arroubos. Roupas simples, bem limpas, aprendeu cedo a passar e lavá-las com perfeição. Era um jovem bem asseado. Parecia sempre limpinho, não gostava muito de cheiros fortes, e sabonete era seu perfume. Cabelos bem cortados de quinze em quinze dias pontuais. Gostava de formalidades e até de certas regras que ele mesmo se impunha.

Em aparência não era grande coisa, se não fazia feio também não era um ícone masculino. Cabelos negros, brilhosos, pele bem clara, branquinha. Nunca gostou muito de praia e sol. Nunca foi peludão, estes demoraram a parecer chegando poucos ao completar os seus vinte e um anos. Barba feita, todos os dias pela manha antes de se colocar no metrô para o trabalho.

Nunca teve muito estilo, nada o atraia muito e como homem era até simplório, não era o descolado ou o nerd, não era o tipo mauricinho nem o playboy muito menos claro o bad boy, talvez por isso nunca teve muita sorte com as meninas. Faltava charme, encanto, sex appeal. Coisas que como Darwin explica bem. O poder do macho para atrair a fêmea.

O que não o impedia de ter tido suas namoradinhas, poucas, mas teve, portanto, não era virgem. Mas como diz o ditado popular se não tem cão caça com gato e os meninos faziam a muito, parte de sua vida e é claro, conheceu vários carinhas, apesar de que era extremamente temeroso destes encontros. Pode ser esta uma das razoes que geralmente nada emplacava muito. Ou porque que os tais “carinhas” geralmente não lhe eram fieis e acabavam dando bola nas costas de Pedrinho, partindo pra outras. Os machos ele não consegui atrair muito. Não sendo afeminado, não chamava a atenção de um tipo destes ou porque como dito era um tanto sem sal, não atraindo outros, os que gostavam de passivos másculos, mas com atitude. E isso o afastava do que no fundo realmente chamava sua atenção: homens machos e ativos. Que comandasse na cama.

Não curtia muito balada nos sábados ou pegação nas noites. Pedrinho chegara na idade um pouco perdido, algo faltava em sua vida, ou melhor, a ele faltava mesmo vida. No fundo ele clamava por algo. Algo que o tirasse desta coisa patética, desta existência medíocre.
Neste período que resolveu dar uma mudada, seu ultimo rapaz veio com um papo e que o incomodou muito, ao terminar falou que não dava mais _Você é muito sem tempero Pedro, olha que se você fizesse mais força até conseguiria algo, mais puts cara. Você é o uó.Desde aquele dia começou a procura de algo que afastasse aquelas palavras da sua cabeça, não sabia o que, não lhe deram a bússola da vida ou a dele tinha sido quebrada a muito. Tentou em um domingo pegar uma praia, voltou como um camarão todo ardido, detestou e seu corpo assim, não combinou muito com o local, então resolveu a academia. Gostou e até que deu uma disposição a mais, energia. Alem de longe (bem longe mesmo) ter percebido uma leve diferença. Cortou o cabelo no salão que tinha na própria academia, e antes que falasse o que queria, estava com um corte mais moderno, ficou melhor de aparência mais seu pai odiou, falou que tava com cara de degenerado.


Isso o magoava, a palavra do pai sempre o deixava pra baixo. Nunca em toda vida tinha tido muito apoio, se sentia um castigo que alguém tinha enviado aquele homem. Amor paternal não sentia muito e da mãe sentia pena e admiração, pois era sempre um zero a esquerda na família. Condescendente, submissa e resignada. Um fantasma. Mas cumpria bem seu papel materno e de esposa.

Bom a academia era na saída do trabalho e sempre tinha visto vários caras tão interessantes e dinâmicos entrar que resolveu engolir o medo e fazer a matricula. Esperando horas pra ser atendido, não lhe deram muita atenção, até que um rapaz mudando o turno da recepção veio falar, simpático, descolado mais meio atrapalhado, não sabia se estudava ou se atendia os clientes, seu nome Thiago. Mostrou tudo o que a academia proporcionava; sauna, aparelhos, hidroginástica, bicicletas, tanta coisa legal que, mesmo sem compreender muito pára que cada coisa servia ou se era bom ou não, fez a matricula.

Do professor não curtiu muito sentiu que sua serie foi mecânica, parecia que ele percebeu que como Pedro não era o malhado e tendo começado tarde já não valia muito investir, mas fez sua parte profissionalmente. Freqüentado depois da avaliação medica foi aos poucos conhecendo as pessoas. Garotas lindas, garotas médias, gatinhas e ninfas. Mulheres vividas e cachorras. Rapazes mil. Grandes, médios e em crescimento, decolados, cheios de gás e energia. Pareciam tão... Felizes. Estar ali alegrou seu coração. Em um dia por ter sido mais lento e demorado um pouco mais a serie, viu pela primeira vez aquele que o perseguiria em sonho pelas noites. Ricardo. Talvez o homem mais lindo que seus olhos já tinham visto na vida.

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